Há
pouco tempo, me lembro de ter assistido uma pregação na qual um pastor falava
sobre mergulharmos em águas de angustia.
Talvez isso soe como algo novo para você. “Mergulhar em águas de angustia? Como assim?”. O pastor em questão
falava sobre uma fase da vida dele em que começou a pedir que Deus dividisse o
seu coração com ele. Em um dado momento, começou a fazer essa oração sempre.
Buscou constantemente saber o que Deus sentia o que Deus pensava; como via
o mundo. E então o Pai dividiu seu coração com aquele homem. Ele conta que Deus
começou a fazer com que enxerga-se o mundo, as pessoas. Situações que antes lhe
passavam despercebidas ou as quais ele se mostrava indiferente tornarem-se
pontos fixos de incomodo. Não vou aqui falar das experiências que ele cita
(quem quiser saber mais, procure por David
Wilkerson - Um Chamado Para a Angústia), mas hoje, ao conversar com Papai lembrei-me
disso quando me veio a mente a passagem de João 16:33 “Neste mundo tereis
aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo”.
Creio que esse versículo não
é novidade para ninguém aqui. O que para mim mostrou-se algo novo foi o fato de
Deus me levar a pensar sobre o que eu tenho chamado de “aflição”.
O
dicionário define essa palavrinha como grande sofrimento, dor profunda, tormento. Então, se reproduzirmos o
versículo com essas palavras, leríamos assim “Neste mundo vocês terão grandes sofrimentos, dor profunda, tormento,
mas tende bom ânimo! Eu venci o mundo”. Não sei quanto a você, mas essa
substituição de uma simples palavrinha pelo seu significado me faz sentir uma
coisa diferente quando leio esses períodos. E aqui quero perguntar-te algo: O
que você tem chamado de aflição? O que tem ocupado a salinha da angustia no seu
coração? O fim do seu namoro? Sua carteira de motorista que ainda não conseguiu
tirar? O carro que ainda não veio? A oportunidade no ministério da igreja que
ainda não te deram? A viagem pra Disney que até hoje não rolou? O cancelamento
daquela sua série favorita que foi aprovado? O jogo que seu time de futebol
perdeu? Ou aquela paixãozinha adolescente que te faz sentir um frio na barriga,
o coração acelerar e dá vontade de ouvir “João de Barro” até o próximo milênio?
Pense nisso agora, por favor, você que tem se dito cristão.
Sei que somos jovens participantes de uma
sociedade livre e cheia de distrações. Mas se você está lendo esse texto tenho
plena convicção de que a causa primeira é o fato de que Jesus te ama e quer
despertá-lo, leva-lo a um novo nível de intimidade. Muitas vezes usamos João
16:33 para trazer tranquilidade a angustias que não são verdadeiramente
angustias. Usamos para tentar confortar nossos corações em relação a
sentimentos que não deveriam existir, medos que deveriam ser lançados fora e
preocupações que deveriam estar diante do trono de Papai. Comece a dar os nomes
certos ao que se passa em sua vida.
Nossa preocupação primeira deveria ser o Reino
(Mateus 6:33). A sala de angustia dos nossos corações deveria ser ocupada pelas
angustias que ocupam o coração de Papai. Você já perguntou o que Ele está
sentido diante de um mundo em que as pessoas estão se autodestruindo, em que homens
e mulheres estão se corrompendo de todas as formas possíveis? O que Ele sente
ao olhar para um mundo que adora falsos deuses, que presta culto a seres
humanos de carne e osso? Um mundo em que crianças são vendidas para serem
objetos de abuso sexual ou são alvos de massacres? Um mundo em que líderes
levam suas ovelhas para longe do Caminho, pastores roubam as ofertas do reino e
os padrões cristãos se confundem com o secular? Talvez você já até tenha se
perguntado, mas pareceram-te perguntas difíceis de mais para se lidar. Foi mais
fácil voltar a pensar no seu ex-namorado, na ausência do seu carro, ou no Boy
ou na Girl que você acha que está amando profundamente...
Lindinho, o estilo de vida que Jesus viveu não
foi o de alguém que se coloca sempre em primeiro lugar, o de alguém que as
angústias do próprio coração são permeadas de dores egoístas e desnecessárias.
Jesus nos ensinou a olhar para o próximo, a ver o perdido, a nos perder de nós
mesmos, a amarmos nossos pais, a orar por nossa nação, a respeitarmos nossas
autoridades, a pensarmos em coisas puras e nobres. Deus nos ama. Deus é um Deus
de relacionamento. E a primeira angústia que está no coração dEle é a nossa
indiferença em relação a cruz. A nossa indiferença em relação ao seu amor.
Deveríamos estar procurando-o apaixonadamente, dedicando tempo, trabalho,
sentimento. Entregando-nos completamente. Buscando saber o que se passa em Seu
coração. A primeira consequência da cruz é a religação feita com Papai. A
primeira obra da Cruz é a nossa adoção como filhos. Você é o principal fruto da
cruz! Você é fruto do trabalho da alma de Jesus. Isaías 53 fala sobre isso “Ele (Jesus) verá o fruto do trabalho da sua
alma, e ficará satisfeito”. Essa parte é a descrita no versículo 11.
Anteriormente, é narrada a jornada terrena vivida por Jesus. Após sua morte,
ele veria o fruto do penoso trabalho dEle e ficaria satisfeito. Quando Jesus
ora no capítulo 17 do livro de João, três pontos principais podem ser
destacados sobre o que ele pensava e pedia ao Pai a respeito de seus discípulos:
devem andar em unidade, ter pleno conhecimento de que não pertencem a esse mundo
e estarem sempre buscando santificação através da palavra que é a verdade. Eu
entendo que essas três coisas fazem parte dessa satisfação de Jesus descrita em
Isaías. Nossa unidade, nosso viver para a eternidade e nossa santificação
trazem satisfação para Jesus, colocam a cruz no lugar de destaque que ela deve
estar.
Quando eu falo em aflição, e o que é que temos
chamado de aflição quero dizer que muitas vezes invertemos os valores das
coisas. Perdemos o sentido das nossas vidas e não produzimos frutos
satisfatórios para Cristo. Jesus se preocupa com as suas preocupações. Ele dá grande
valor a elas e quer saná-las, mas Ele tem as preocupações dEle em relação a
terra e Efésios diz que Ele age segundo o poder que atua em nós. Ele poderia
fazer de outro jeito, mas Ele escolheu fazer por meio de mim e de você. É tempo
de despertarmos para o que está acontecendo com a terra e para analisarmos que
tipo de cristianismo temos vivido. David
Wilkerson faz uma pergunta interessante durante sua mensagem. Ele indaga “você
se importa hoje que a Jerusalém espiritual esteja casada agora com o mundo? Que
haja tamanha frieza varrendo a terra. Mas perto que isso: você se importa com a
Jerusalém que está em nossos próprios corações?”. E aí? Você se importa? E então ele
continua “Nós nos agarramos em nossas
retóricas religiosas e nossas conversas sobre avivamento, mas nos tornamos
passivos. Toda verdadeira paixão é nascida da angústia. Isso é o que o diabo
quer fazer: tirar a luta de dentro de você e matá-la. Assim você não trabalhará
mais em oração. Já não chorará diante de Deus”.
Todo avivamento começa com arrependimento. Ainda
é tempo de nos arrependermos. Tempo de alterarmos nossas atitudes de nos
alinharmos com a vontade de Deus. Ainda é tempo de irmos ao jardim e decidirmos
nos deixar ser guiados por Deus e não por nossos sentimentos. Ainda é tempo de
orarmos por nossa nação, pelo cristianismo mundial, pelos cristãos perseguidos,
pelos pastores corruptos, pelos órfãos, pelas viúvas, pelo perdido. Ainda é
tempo de nos apaixonarmos perdidamente por Cristo e vivermos para Ele
simplesmente por Ele ser quem Ele é. O trabalho no corpo cristão não deve vir
antes do nosso amor por Ele. O trabalho é fruto da nossa intimidade. E nossa
intimidade não vem do dia pra noite. Nossa intimidade é fruto das nossas
escolhas diárias. Decida o que tomará conta da sua mente. Decida sobre quem é o
Senhor verdadeiro da sua vida. Decida quais são suas prioridades. Essa não é
uma tarefa fácil. O diabo investe de todas as formas que pode para nos
confundir e nos tirar do foco. Mas Jesus nos chamou para vencer assim como Ele
venceu. Que as nossas aflições não sejam determinadas de acordo com nossas
dificuldades materiais ou meramente sentimentais. Que nossas aflições sejam
frutos da nossa luz brilhando nas trevas. Que possamos chorar, nos arrepender e
clamar. Não apenas por nós, mas por todos. Que possamos nos aventurar dia após
dia a viver carregando nossa cruz e seguindo Jesus. Trazendo alegria e
satisfação ao coração dEle.
Que tal começar trocando as músicas que você tem escutado? Fica a dica de alguém que já viveu isso, trocou as listas musicais e teve bons
frutos como resultados. Não que ouvir a
música em si seja pecado. Acontece que, muitas vezes, Deus vai tirar de nós
também aquilo que não é pecado, mas que não se enquadra na vontade dEle para
nós. Que não nos ajuda a amadurecer. Ele sabe o que é melhor. A vontade dEle é
sempre boa perfeita e agradável.
Dayane F. S. ^^
Trechinho da pregação.
Dayane F. S. ^^
Trechinho da pregação.
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