-Artigo, artigo, artigo! Tenho que terminar de escrever esse artigo!
Era só o que pensava. Ficara em casa especificamente para escrever o maldito artigo, olhou o relógio eram 21h 11min e nada. Sabia que as doze páginas que faltavam não iriam se formatar sozinhas. Mas não conseguia. Não conseguia. Queria conseguir, mas estava consternada de mais para juntar palavras com sentido e conteúdo acadêmico. Seus pensamento ao invés de concentrarem-se nos textos analisados teimavam em focarem-se nos problemas familiares, nas suas falhas, na sua fragilidade. Não, não eram mais as divagações amorosas que as dominavam no passado que a dominavam nessa nova fase. O assunto era mais sério. Como eram bobos aqueles problemas do coração... Comparados ao lugar em que se encontrava agora... O mundo não era um bom lugar e ela não sabia bem aonde se apoiar. Na verdade sabia, mas estava bem difícil de acreditar. Bem difícil de continuar a caminhar. As vozes ao redor eram insuportáveis. Queria rejeitá-las, esquecê-las. E, no momento em que pensava isso, ela se detestava. Como podia sentir tais coisas? Como podia ser quem estava sendo? Como? Como podia?
Droga. Precisava escrever o Artigo. O mundo não parava quando ela precisava de calma.
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